Como promover o desenvolvimento a longo prazo em vez da dependência.
Texto traduzido*
"O que vale é a intenção." Esse sentimento nos ajuda a sentir melhor quando recebemos um presente que realmente não gostamos. Isso implica que nossas boas intenções são suficientes. Infelizmente não são especialmente se queremos ver mudanças reais e duradouras no mundo.
O que segue são cinco melhores práticas para nos ajudar a canalizar nossas boas intenções para o envolvimento global em ações inteligentes que levarão a um impacto duradouro.
Missões a longo-prazo em vez de curto-prazo
Parece que Deus não mede o tempo em minutos ou meses, mas em gerações. Ele é o Deus do envolvimento e impacto a longo-prazo. Porém, a maioria dos projetos missionários de curto-prazo não se preocupam com um envolvimento ou impacto que durem. O mais comum é procurarmos resultados imediatos, que possam ser mensurados de maneira rápida. Por isso, a tendência acaba sendo focarmos em projetos e não pessoas, além de focarmos em resultados em vez de relacionamentos.
Exemplo: um projeto no Quênia que doava calçados e outros materiais. O parceiro local propôs algo diferente: os estudantes quenianos precisavam de seu próprio uniforme para irem à escola. Foi proposto que, em vez das doações, o projeto levantasse um capital inicial para que fosse investido em produtores locais, que pudessem costurar e produzir os uniformes. Assim, eles puderem comprar as máquinas de costura e treinaram as mulheres dali para que elas costurassem o que fosse necessário, vendendo os uniformes e gerando renda local.
Quando começarmos a investir em projetos a longo-prazo, vamos perceber que desenvolver um projeto com alguém é muito melhor do que desenvolvê-lo por alguém.
O projeto no Quênia, “Mãos Abençoadas”, quando aceitou a proposta de seus parceiros locais, conseguiu criar um espaço de trabalho onde 100 mulheres conseguiram um emprego, costurando não apenas suéteres, mas vestidos, bonés e cachecóis.
Vale lembrar: sabemos que viagens de curto-prazo ajudam, e muito, um despertar vocacional. Na verdade, essa pode ser uma das maneiras mais impactantes e imediatas nesse objetivo. Por isso é importante ter em mente quais os objetivos e propostas de missões em curto-prazo.
“Faça com” em vez de “Fazer para”
Uma vez que você investe em projetos a longo-prazo, é fácil perceber que fazer um projeto com alguém acaba sendo muito melhor do que fazê-lo para alguém. Essa é a diferença entre “socorro” (fazer algo por alguém) e “desenvolvimento” (fazer algo com alguém). Vez após a outra, nos levantamos, tomamos a iniciativa de socorrer e fazemos coisas por pessoas que são absolutamente capazes de fazer exatamente aquilo por elas mesmas.
Há, porém, momentos específicos nos quais o auxílio em forma de socorro se faz necessário. Em momentos de crise (como terremotos ou guerras), devemos estar preparados para fazer o que for necessário para ajudar. Mas precisamos aprender a manter nossas emoções sob equilíbrio e tentar ver o contexto maior da situação. Se estamos realmente interessados na transformação verdadeira, precisamos parar de fazer para as pessoas e começar a fazer com elas.
Desenvolver habilidades em vez de criar dependência
Quando doamos a alguém em necessidade, podemos fazer duas coisas: a) Nossa doação pode ajudar no desenvolvimento das habilidades dessa pessoa, ajudando-a a se tornar mais forte e independente em seu potencial de desenvolvimento e crescimento ou b) Nossa doação, apesar de ter uma intenção de coração sincero, pode torná-la dependente de outras pessoas em seu crescimento e desenvolvimento.
Infelizmente, existem diversos projetos no mundo que exemplificam esse estado de dependência. O fato é que essa ação, geralmente, não desenvolve as habilidades dos líderes locais, mas apenas traz uma solução rápida. Raramente esses líderes se sentem proprietários dos projetos e, por isso, não há sentimento de orgulho ou de responsabilidade sobre esses projetos, mantendo-os distantes de reparos e melhorias quando chegar o momento.
Desenvolva líderes em vez de resolver problemas
A maioria de nós é rápida em perceber necessidades. Podemos ver facilmente como e onde as coisas não estão dando certo. As necessidades são óbvias e estão, literalmente, em todos os lugares. E elas não vão desaparecer.
Não podemos ignorar tantas necessidades ao redor do mundo, porém, não podemos tampouco fazer dessas necessidades o nosso foco de atuação. Como seguidores de Cristo, precisamos perceber que não foi isso que Ele mesmo fez. Ele veio e mostrou quais eram as necessidades enfrentadas pela humanidade — necessidades espirituais, físicas e sociais. A maneira que Ele fez isso é sensacional. Em vez de focar nessas necessidades, Ele focou em pessoas, ele focou em líderes. Ele desenvolveu as habilidades de liderança em homens que, literalmente, mudaram o mundo. Nós somos chamados a fazer o mesmo.
Procure ao seu redor homens e mulheres de visão, com caráter digno e um potencial de liderança. Faça parceria com as pessoas que Deus já colocou estrategicamente em comunidades carentes. Quando você treina e apoia líderes locais, eles próprios trarão soluções para os desafios existentes e até aos obstáculos futuros.
“Trabalho focado” em vez de “trabalho em todos os lugares”
Quando enfrentamos problemas globais queremos estar em todos os lugares. Quando fazemos muitas coisas, é raro conseguirmos fazê-las todas bem. Porém, quando focamos em poucas coisas, temos a chance de causar um impacto mais profundo nessas áreas. Focar em poucas coisas é mais difícil, mas é muito mais eficiente.
Concentre sua energia e atenção em capacitar os líderes em vez de atender às necessidades. Seja intencional sobre a construção de sua capacidade e evite criar dependência não saudável. Envolva os líderes e as pessoas que eles estão liderando em seu próprio desenvolvimento, fazendo com eles em vez de fazer por eles. Você vai se surpreender no longo-prazo, em como é possível criar um impacto global e sustentável por meio dessas pequenas mudanças de atitude.
* Texto original: Relevant Magazine, 5 Ways to Do Mission Work That Will Actually Change the World