A cada dia o suicídio tem se tornado cada vez mais comum. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo menos 700 mil pessoas morrem por ano devido ao suicido. Isso representa uma a cada 100 mortes registradas ( https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/anualmente-mais-de-700-mil-pessoas-cometem-suicidio-segundo-oms ).

O mês de setembro foi escolhido, em 2015, para tratar da prevenção ao suicídio. Uma campanha promovida pelo Centro de Valorização a Vida. A cor amarela já é mundialmente associada ao Dia de Prevenção do Suicídio, que é lembrado no dia 10 de setembro. 

Mas o que leva uma pessoa a cometer o suicídio? Este ano, a equipe de reportagem da SEMADI conversa com uma jovem de 19 anos de um de nossos campos missionários, que prefere não se identificar, que ainda muito nova, passou por momentos difíceis e chegou ao ponto de tentar tirar a sua própria vida por diversas vezes.

Acompanhe a entrevista:

Como você estava quando isso aconteceu?

“Eu estava em uma fase de depressão profunda e com muitas crises de pânicos e o que me levava a ter desses desejos e até a tentar, era exatamente a dor de existir, uma dor que parecia ser inexplicável, de dar um nó na garganta e me impedir de viver como qualquer outra pessoa. “

Qual a sua intenção ao tentar o suicídio? 

“A minha intenção nunca foi tirar de fato a minha vida, porque eu sabia que assim eu geraria DORES para as pessoas perto de mim, mas a intenção mesmo era acabar com a dor que já estava me matando de uma certa forma, e o que também passava muito pela minha cabeça era exatamente o sofrimento que eu estava causando por estar vivendo basicamente debilitada e dependendo dos meus pais pra tudo, eu queria livra-los do sofrimento de estar me vendo sofrer daquele jeito. “

O que te tirou dessa situação?

“A saída dessa situação não foi fácil, eu passei 2 anos nessa situação e durante esses 2 anos eu tive 4 tentativas de suicídio. O que me tirou dessa situação de fato, foi Deus, porque a minha transformação foi "de uma hora pra outra" e nesses momentos eu não conseguia orar porque eu sentia muito medo de fechar os meus olhos, e eu não me sentia digna de falar com Deus sendo que eu não estava cuidando de algo tão especial pra ele que era a minha vida, então eu aceitei ajuda, ajuda dos meus pais, da minha família e toda a comunidade que se disponibilizava a orar por mim... “

Como você está agora?

“Agora eu estou maravilhosamente BEM, eu tenho uma vida normal e estou vivendo uma das fases mais lindas da minha vida, hoje eu moro sozinha em uma cidade completamente diferente da minha, e distante de tudo que me lembra essa fase.”

Que conselho você daria as pessoas que estão passando pela mesma situação que você.

“A primeira coisa que eu preciso falar é: aceite ajuda independente da situação que você esteja, passe a ver as pessoas que querem te ajudar como um anjo colocado por Deus para lhe ajudar nesse momento. E se você não tem ninguém que lhe ajude, coloque um louvor que narre o que você está passando, ouça-o e depois pegue um lápis e escreva pra Deus tudo o que você sente. Deus vai ler e vai trabalhar ao seu favor.”

Pedimos também ao pastor André Amaral, que é psicólogo para falar um pouco sobre o tema. Acompanhe:

“Falar sobre suicídio ainda se trata de uma tarefa muito difícil. É um assunto rodeado de preconceitos e tabus, e o grande desafio é agrupar dados suficientes para traçar um perfil psicológico do suicida e formular hipóteses em torno do ato suicida.

De acordo com Shneidman apud MELEIRO (2004), o suicídio se constitui em:

1)  Tentativa de cessamento da consciência e do sofrimento psicológico: a ideia da possibilidade de encerrar o fluxo da consciência de uma perturbação e angústia mental fornece um item essencial para dar início ao ato de autodestruição, considerando que o objetivo do suicida é a morte. A dor psicológica intolerável é o aspecto central para a tentativa de escape deste sofrimento extremo.

2)  Sentimentos de desesperança e desamparo: algumas formulações como “não há nada que eu possa fazer” e/ou “ninguém pode me ajudar” são capazes de demonstrar o pensamento envolvido neste fator e o ato suicida como um esforço na tentativa de fazer algo que possa ser efetivo e produzir impacto.

3)  Atitude de ambivalência: os desejos envolvendo o ato suicida são antagônicos. Ao mesmo tempo que deseja a morte, o suicida deseja ser salvo. Uma importante característica desta ambivalência é o fato do suicida voltar os impulsos assassinos gerados de uma rejeição ou evento traumático contra si mesmo.

4) Constrição à nível cognitivo: o sujeito encontra-se numa condição psicológica transitória, onde seu funcionamento mental passa a funcionar de maneira radicalmente dicotômica de tudo ou nada, onde nem vínculos com o passado conseguem fornecer lembranças suficientemente felizes a ponto de lhe impedir a concretização do ato.

5) Comunicação da intenção de tirar a própria vida: existe, de maneira geral, uma pobreza de comunicação interpessoal no suicida, que faz com que ele produza “pistas” ou indicadores indiretos da intenção de suicidar-se.

6) Necessidades psicológicas frustradas: o suicídio é comumente relacionado à fracassos que impedem a realização destas necessidades, que causam dor e sofrimento psicológico, levando o indivíduo ao desejo de morte.

7) Busca por uma solução: o indivíduo adota a autodestruição como forma de resolver um problema, crise, dificuldade ou situação que considera insuportável. A única solução possível para o suicida é através da auto aniquilação, pois não consegue encontrar respostas ou soluções adaptativas.

 Precisamos conscientizar e ajudar a pessoa que esteja vivenciando uma angústia tão profunda a ponto de pensamentos suicidas a desenvolver as procura ajuda, e as pessoas a sua volta possam “identificar os sinais”, a fim de evitarmos esse mal tão terrível.”

Se você é cristão e se encontra nessa situação, não deixe para depois, peça ajuda agora mesmo aos seus pastores, líderes, psicólogo, amigos, familiares. E se você está em um de nossos campos, saiba que nossos missionários estão prontos para te acolher, você só precisa procura-los e pedir ajuda.

Se você não é cristão, saiba que você tem os mesmos recursos, basta procurar a igreja mais próxima a você. Mas saiba que a palavra de Deus diz em João 10.10: “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” Cristo quer te dar a vida que você não pode encontrar em nenhum outro lugar. Quando falamos isso, normalmente se associa a uma vida de luxo, de riquezas e longe de preocupações, mas não é isso que Cristo oferece, Ele oferece a vida eterna e a paz que excede todo entendimento, essa é a paz que o mundo não pode dar (Filipenses 4.7/João 14.27), é essa paz que te faz sorrir e suportar com graça os momentos de crise, Ele quer te libertar através da verdade “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8:32, você só precisa querer.

Reportagem/SEMADI